sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

presente da duda


O conto se passa no meio de um bosque já conhecido de outra história, o bosque perfeito, onde não há leões, os tigres dominam, todas as árvores são verdes e grandes, o lago é de uma água azul cristalina e se perde no horizonte, e o sol penetra na intensidade exata para que não seja nem frio nem quente demais... as trilhas são infinitas e a calmaria é contínua, de modo que nada pode perturbar a paz e a tranqüilidade no refúgio eterno do casal apaixonado... mas é claro que nem sempre foi essa tranqüilidade acima descrita, houve tempos em que eles sofreram com a distância e a saudade, dois elementos unidos para tentar destruir as relações, mas que até o momento não foram poderosos o bastante para destruir esses dois amantes tão diferentes e ainda assim tão iguais na essência de seus sentimentos.

Mas antes de chegarmos ao local perfeito, precisamos saber o que aconteceu com o lindo casal para que chegassem ao ápice dessa relação tão questionada e ainda assim tão bonita... além da distância e da saudade, a sociedade tentava separar esses dois portadores do maior e mais inexplicável sentimento humano, e o argumento usado pela hipocrisia das massas era simplesmente uma diferença de idade ‘inaceitável’ do ponto de vista dos eternos conservadores – necessitados de egocentrismo: duas doses ao dia talvez fosse o ideal –, tudo que um relacionamento complicado precisa, desconfiança... haja amor para segurar tantas dificuldades...

E com essa frase chegamos ao ponto crucial!

Amor.

Puro e simples, ideal.

Tá, mas não posso deixar o deslumbramento e os pensamentos com este casal me desviarem do foco. Foco... essencial na vida, saber o que queremos, não nos desviar, o que eu estou fazendo em demasia, mas vamos admitir, quem não perderia o foco contando essa história? Tenho certeza que Shakespeare vagou por infinitas vezes durante a criação da peça Romeu e Julieta. É, até os gênios se desviam! Mas voltando, eu que estou longe de ser um gênio, não posso me dar ao luxo de fazer como eles. Então, o amor!

Vamos nos concentrar em como ele começou, sim. O rapaz tinha sérios problemas com relacionamentos, achava a coisa mais difícil do mundo começar um, e vinha de uma experiência ruim com a distância, mas tem gente que simplesmente não aprende, comete o mesmo ‘erro’ – feliz erro... - em diferentes oportunidades. Repetição que criou esse conto, e por isso serei eternamente grato e este garoto. Na sua tristeza, o rapaz sabia que o relacionamento não duraria muito – o anterior – e vendo o seu futuro novo amor sofrer com um pequeno problema de saúde, sentiu uma vontade surreal de abraçá-la, nada mais que isso. Mentira, ele queria mais. Abraçar, cuidar, proteger... ver aquele pequeno ser humano, tão inocente e tão frágil fez florescer no rapaz um sentimento que ele já conhecia, de fato, mas que se apresentava de maneira tão diferente e ainda assim tão perfeita!

Foi isso, nada mais aconteceu. Ao garoto faltou coragem e sobrou respeito para com o já fracassado quase ex-relacionamento. E quanto a garota? Nada sentiu, nada observou no comportamento do seu futuro amor, apenas a visão maravilhosa – aos olhos dela – do maxilar do rapaz. Estranho, mas talvez esse seja o adjetivo que melhor defina a relação que teve ‘início’ – base talvez seja um termo mais adequado – nesse momento especial.

Depois disso, não existem tantas coisas relevantes. Ambos conversaram – ignorando a distância – perceberam que eram iguais nas diferenças e com o tempo o amor apareceu. Simples assim, ele simplesmente deu as caras, como uma flor que desabrocha de um dia para o outro, ou em uma comparação menos sutil, como a inspiração de um escritor – ou ‘pseudo-escritor’ – que aparece do nada, dando início à obras maravilhosas da literatura. A questão é que o que devia acontecer, aconteceu, embora ninguém deixa explícito, afinal não há nada como expressar um novo sentimento ao pé do ouvido do receptor, o que realmente aconteceu, conforme o planejado – ou de maneira mais perfeita.

Mais uma vez eles se encontraram, uma festa na qual nenhum dos dois estava muito bem. Fisicamente, é claro, pois seus sentimentos estavam prontos para serem revelados um ao outro. Então, em um roteiro perfeito para uma noite imperfeita, os dois apaixonados se viram deitados em uma cama, no escuro, juntos finalmente... ele já tinha dado a entender os seus novos sentimentos, mas a ingenuidade dela impediu que as coisas pudessem ser percebidas, felizmente. Assim, ignorando as dificuldades que tomavam conta do corpo de ambos, vamos ao primeiro diálogo relevante, e talvez o único a ser divulgado neste conto:

- lembra que eu queria te dizer uma coisa? – perguntou ele emocionado por ter o momento perfeito em suas mãos

- lembro... – respondeu ela nervosa, aninhando-se melhor ao corpo do seu amor

- então... eu queria dizer que eu te amo...

A resposta dela não ficou clara na mente do rapaz, afinal seu objetivo estava cumprido, e por mais relevantes que fossem os sentimentos dela, e ainda sejam, naquele momento o que realmente importava era que a missão estava cumprida, e o amor enfim podia tomar conta dos corpos e almas que por semanas por ele vinham sendo sondados ... e naquele momento aceitavam sua rendição.

Mas como nem tudo é perfeito, mais uma vez eles se viram separados.

E a agonia foi crescente, contando os dias para que pudessem estar juntos e aproveitar mais tempo limitado, sempre limitado... se não fosse limitado seriamos imortais, e qual a graça nisso? Viver sem o maior objetivo, que é alcançar a morte... a vantagem para eles era ficarem juntos para sempre, improvável, mas nunca impossível.

Passados mais alguns dias, o casal ficou unido novamente. Fisicamente, pois de novo – ou ainda – estavam unidos pelo sentimento. E apesar de todos os problemas em seus mundos paralelos - tão paralelos que eram e ainda são segundo plano , perdendo para o amor que um sentia pelo outro – os dois viveram o pouco tempo que lhes restava com intensidade, sentindo fundo na alma todo momento em que não podiam estar abraçados, aproveitando o calor e o perfume perfeito que ambos tinham, e que para o outro servia como elixir da vida, dando sentido e razão à tudo que acontecia, tudo que aconteceu, e tudo que eles esperavam acontecer. Por mais que o futuro se mostrasse sombrio.

Os problemas paralelos conseguiram incrivelmente cruzar com o amor, separando-os novamente! Dessa vez, sem previsão de volta...

E foi essa falta de perspectiva no futuro que criou a melhor perspectiva de todas, e, como último ato desesperado, ele propôs que eles fossem viver juntos, para sempre, no bosque.

E então voltamos ao início, o bosque!

Não é preciso descrever o bosque novamente, mas é preciso lembrar que era simplesmente – ou de maneira complexa – o local ideal, perfeito, onde tudo que importava era o que eles sentiam, e nada mais. Não há nada nem ninguém que possa interferir neste bosque, a mais pura representação de paraíso.

Com todos esses fatos, acontecimentos e até algumas metáforas, chegamos ao ponto crucial, a mudança.

Ficou resolvido que um quarto exatamente no centro do bosque – posição que um ocupava no coração do outro – seria suficiente para uma eternidade de amor, carinho, abraços, perfumes, mordidas e tudo mais que eles quisessem, por só isso era necessário... querer.

Acho interessante descrever o quarto, afinal ele é a base do amor nesta nova terra, uma base sólida, tão sólida quanto o sentimento em si, preparado para durar talvez até mais de uma eternidade.

O quarto tinha uma parede de espelho, afinal todo ponto de vista é a vista de um ponto, e jamais devemos aceitar a cegueira, sempre buscando novas maneiras de ver a nós mesmos e aos nossos sentimentos. No alto da parede de espelhos, duas frases para resumir a relação: ‘everytime we kiss i swear i could fly’ e ‘it’s all for you’...

Simplesmente isso, a maneira perfeita de descrever o amor do casal em poucas palavras.

Voltando à base, em outra parede havia uma lareira, para aquecê-los, apesar de seu afeto ser suficiente para acender a própria fogueira diversas vezes... uma linda cama com uma coberta com ideogramas japoneses, nem grande demais que eles perdessem um ao outro, nem tão pequena que eles se batessem nas paredes – como eram extremamente propensos – a cada movimento. Um ar condicionado para refrescá-los nos momentos de maior intensidade, quando o calor e o instinto tomam conta dos corpos e das almas, e eles viram um ser só. Almofadas rosa, ursos, fotos, um sapo, e um pijama azul de porco à pedido dela, para que o seu mundo não fosse completamente deixado para trás nesta nova jornada, e para que o mundo dele não fosse esquecido, sua televisão, seu violão – por mais que ele não soubesse tocar nada - , seu dragão – apesar do medo que seu amor sentia de dragões, o que apenas dava uma desculpa para que ela se aninhasse mais e mais em seu peito e eles pudessem ficar horas desta maneira, aproveitando um ao outro em seu tempo infinito – e por fim os livros dele, principal lembrança do seu antigo mundo.

É claro que a mudança não foi fácil para nenhum deles; largar os amigos e a família é sem dúvida a maior prova de amor que um pode dar ao outro, mas com um amor tão puro e especial, nenhum deles nunca duvidou que o outro fosse incapaz de dar esse último passo, para que pudessem, enfim, ficar juntos para sempre no local mais perfeito e com o par mais perfeito possível para cada um deles.


Bom, tá aí o meu conto preferido, e da maioria das pessoas que já leram todas as coisas que eu já escrevi. Dá pra dizer que esse foi escrito com amor, pq foi mesmo. Não é fácil escrever com prazo, muito menos pra fazer um presente de aniversário pra alguém que se ama muito. Por mais que já façam alguns meses e as coisas tenham mudado extremamente, acho interessante fazer essa homenagem e acabar com esse blog. Não acho que faça muita diferença ele existir ou não, quase ninguém sabe dele mesmo. Por fim, só mesmo agradecer a Duda, pq ela foi uma das pessoas que fez meu 2010 perfeito, e que eu espero que volte pra minha vida em 2011, pq eu realmente sinto falta. Te amo muito Duda.

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